MEDITAÇÃO E VIDA ESPIRITUAL -1
Swami Yatiswarananda 1
Renúncia e Desapego
(Capítulo 10 do livro Meditation and Spiritual Life; Páginas 120 a 125)
A necessidade da renúncia
É realmente muito estranho que as pessoas sofram tanto e ainda assim não despertem, mas se prendam a todos os tipos de falsas identificações. O mundo inteiro está preso pelo desejo de riqueza e sexo. As pessoas fazem disto a meta de suas vidas e ao final sofrem. Identificando-se com nosso corpo e com os outros corpos nos prendemos em todos os tipos de envolvimentos emocionais e criamos sofrimento sem fim. É claro que há muitas pessoas que parecem gostar de tudo isto. Como na parábola de Sri Ramakrishna, o camelo come arbustos espinhosos que sangram a sua boca, mas continua a comê-los da mesma forma.2
Mas um aspirante espiritual não pode viver desta forma. Ele fixou para si mesmo um ideal elevado e por isso não pode perder-se em envolvimentos mundanos. Por isso começa a pensar profundamente sobre renúncia e desapego.
A renúncia é o tema central da vida espiritual em todas as religiões. Renúncia da riqueza e da cobiça, do sexo e da luxúria e do egoísmo – esta tríplice renúncia é invariavelmente enfatizada em todas as escrituras e por todos os homens verdadeiramente espirituais. Sem renúncia não há vida espiritual. E renúncia não significa apenas a renúncia externa, mas também a renúncia mental. Devemos renunciar a todo nosso apego ao nosso próprio corpo e mente e aos dos outros, e tornar-nos verdadeiramente desapegados de todos os modos. Não é suficiente se fizermos isto somente com relação a certas coisas e pessoas, enquanto tentamos nos prender a outros ainda mais. É fácil evitar certas coisas ou pessoas de quem não gostamos e chamar isto de renúncia. A verdadeira renúncia é a mudança de atitude em relação a tudo.
Por que a renúncia é necessária? Por que devemos praticar tanto o desapego? As práticas espirituais jamais poderão ser executadas com sucesso sem abandonar as velhas associações com coisas e pessoas que não auxiliam ao aspirante. Somente quando estivermos preparados para renunciar nossos desejos e paixões e nosso apego aos outros, seja na afeição ou na aversão, poderemos praticar a verdadeira religião com bons resultados e poderá haver progresso. Nunca permita que sua mente o engane sobre este ponto. A mente sempre tenta apresentar alguma razão plausível para que não possamos renunciar esta ou aquela coisa, para que nós possamos estar na companhia de tal ou qual pessoa, de que é nosso dever conversar com ele ou com ela, etc. Nunca acredite em sua mente nestes casos. Ela sempre irá enganá-lo e tornar-se o porta-voz de seus desejos conscientes ou inconscientes. Portanto não precisamos apenas de japa, oração, meditação e outras práticas espirituais, mas também de renúncia. De fato japa e meditação só são efetivos na medida em que somos bem sucedidos em ter mais e mais da verdadeira renúncia e desapego. Quando estes dois – práticas espirituais e renúncia – são combinados, torna-se possível para nós controlar a mente e começar a limpar todos seus cantos sujos onde permitimos que se acumulasse todo tipo de imundície por eras e eras através de incontáveis nascimentos.
Demasiada mundanalidade é como o fogo. Ela queima o coração. Torna uma pessoa insensível aos valores espirituais. Uma pessoa mundana não pode apreciar a felicidade da vida espiritual. A faculdade da intuição torna-se tão inerte em uma pessoa mundana que não é mais sensível às vibrações mais elevadas. Ela não tem nenhuma idéia das verdades espirituais e apenas continua se banhando na poça suja de seus desejos e paixões.
Mas um aspirante espiritual não pode viver desta forma. Ele fixou para si mesmo um ideal elevado e por isso não pode perder-se em envolvimentos mundanos. Por isso começa a pensar profundamente sobre renúncia e desapego.
A renúncia é o tema central da vida espiritual em todas as religiões. Renúncia da riqueza e da cobiça, do sexo e da luxúria e do egoísmo – esta tríplice renúncia é invariavelmente enfatizada em todas as escrituras e por todos os homens verdadeiramente espirituais. Sem renúncia não há vida espiritual. E renúncia não significa apenas a renúncia externa, mas também a renúncia mental. Devemos renunciar a todo nosso apego ao nosso próprio corpo e mente e aos dos outros, e tornar-nos verdadeiramente desapegados de todos os modos. Não é suficiente se fizermos isto somente com relação a certas coisas e pessoas, enquanto tentamos nos prender a outros ainda mais. É fácil evitar certas coisas ou pessoas de quem não gostamos e chamar isto de renúncia. A verdadeira renúncia é a mudança de atitude em relação a tudo.
Por que a renúncia é necessária? Por que devemos praticar tanto o desapego? As práticas espirituais jamais poderão ser executadas com sucesso sem abandonar as velhas associações com coisas e pessoas que não auxiliam ao aspirante. Somente quando estivermos preparados para renunciar nossos desejos e paixões e nosso apego aos outros, seja na afeição ou na aversão, poderemos praticar a verdadeira religião com bons resultados e poderá haver progresso. Nunca permita que sua mente o engane sobre este ponto. A mente sempre tenta apresentar alguma razão plausível para que não possamos renunciar esta ou aquela coisa, para que nós possamos estar na companhia de tal ou qual pessoa, de que é nosso dever conversar com ele ou com ela, etc. Nunca acredite em sua mente nestes casos. Ela sempre irá enganá-lo e tornar-se o porta-voz de seus desejos conscientes ou inconscientes. Portanto não precisamos apenas de japa, oração, meditação e outras práticas espirituais, mas também de renúncia. De fato japa e meditação só são efetivos na medida em que somos bem sucedidos em ter mais e mais da verdadeira renúncia e desapego. Quando estes dois – práticas espirituais e renúncia – são combinados, torna-se possível para nós controlar a mente e começar a limpar todos seus cantos sujos onde permitimos que se acumulasse todo tipo de imundície por eras e eras através de incontáveis nascimentos.
Demasiada mundanalidade é como o fogo. Ela queima o coração. Torna uma pessoa insensível aos valores espirituais. Uma pessoa mundana não pode apreciar a felicidade da vida espiritual. A faculdade da intuição torna-se tão inerte em uma pessoa mundana que não é mais sensível às vibrações mais elevadas. Ela não tem nenhuma idéia das verdades espirituais e apenas continua se banhando na poça suja de seus desejos e paixões.
Amor e apego
Coisas ou pessoas a quem amamos, atraem nossas mentes e criam apego, raiva ou aversão. Amor e aversão são apenas os dois lados da mesma moeda; nunca se engane sobre isto. Portanto eles pertencem à mesma categoria. Raiva ou aversão é amor ou apego voltado para baixo. Não é algo essencialmente diferente. Devemos eliminar todas as formas de apego e todas as formas de medo nos tornando desapegados e livres de gostos ou desgostos pessoais. Devemos ter simpatia sem ficar apegado. Não deveria haver jamais qualquer demanda pessoal sobre alguém ou o amor de alguém; nem deveríamos permitir que alguém tivesse qualquer exigência pessoal sobre nós ou sobre nossa afeição.
Devemos amar a Deus apenas e permitir que os outros fizessem o mesmo. Cristo diz, ‘Aquele que ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim, e aquele que ama seu filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim’ 3, e não há nada mais verdadeiro do que isso. E também é verdade que aquele que permitir que qualquer outra pessoa o ame mais do que ao Divino, não é digno do Divino, e jamais atingirá o Divino, por mais que possa tentar. Colhemos apenas o que semeamos e enquanto continuarmos a permitir que todos estes gostos e desgostos nos prendam e aos outros com as correntes do assim chamado amor, nos manteremos escravizados, trazendo sofrimento para nós mesmos e para outros. O sofrimento é a penalidade que pagamos por nossos apegos. Em alguns casos ele chega logo, em outros demora; mas todos devem pagar por seus erros.
Quando as pessoas nos amam, nos sentimos lisonjeados. Nós gostamos de atrair os outros, gostamos de ser amados por outros como objetos de gozo. Mas somos geralmente muito impulsivos e não pensamos que com isso criaremos apenas problemas para nós e para os outros e impediremos nosso progresso espiritual. Devemos ter dignidade e sermos cuidadosos. Devemos adotar uma atitude pela qual os outros não se atreverão a se aproximar de nós do modo errado. Eu falo isto especialmente para as senhoras. O conceito ocidental de cavalheirismo não tem lugar na vida espiritual.
Devotos e aspirantes espirituais são nossos queridos, pois somos todos ligados pela corda comum do divino Amor que é permanente. O amor pelos irmãos espirituais é muito mais intenso e benéfico que o amor mundano. Olhe para a relação que existiu entre os discípulos de Cristo, entre os discípulos de Sri Ramakrishna. Que amor terno, respeito mútuo e consideração existiram entre eles! Quando nós, ainda jovens, entramos em contato com os grandes discípulos de Sri Ramakrishna, também fomos profundamente atraídos pelo intenso, porém puro, e abnegado amor que derramaram sobre nós. Somente um homem espiritual pode ter amor real pelos outros. O assim chamado amor das pessoas mundanas é freqüentemente apenas auto-interesse refinado.
As almas iluminadas amam a todas as pessoas da mesma forma sem se apegarem a elas porque eles realizaram a verdade da famosa declaração do Upanishad:
Não é por causa do esposo que o esposo é amado,
Mas é por causa do Ser que o esposo é amado.
Mas é por causa do Ser que a esposa é amada.
Não é por causa dos filhos que os filhos são amados,
Mas é por causa do Ser que os filhos são amados...
Não é por causa de tudo que tudo é amado,
Mas é por causa do Ser que tudo é amado. 4
As vidas das almas iluminadas nos ensinam que a renúncia e o desapego não significam insensibilidade e indiferença. Insensibilidade não é desapego; não é nada além de egoísmo, apego ao seu próprio ego. Tente ajudar aos outros tanto quanto esteja em sua capacidade, tomando todas as precauções para se proteger e evitar não ficar apegado a eles. Se você não puder fazer isto, reze a Deus para o bem-estar deles. Se orar sincera e intensamente você verá a ajuda chegando a aqueles que você quer ajudar. Mas lembre-se, se você quiser rezar pelos outros, você deve sentir a si mesmo próximo a Deus. Se você não puder impedir a si mesmo de ficar apegado aos outros, é melhor não ajudá-los. É melhor se voltar para a oração. De fato todos os aspirantes sinceros devem incluir este tipo de oração pelos outros em suas práticas espirituais diárias.
Durante o período de transição da vida mundana para a vida espiritual, podemos sentir um pouco de indiferença pelos outros por algum tempo. Para proteger-nos podemos até cultivar uma atitude de indiferença, mas somente por um período curto. Se prender-se ao ideal da realização de Deus e levar uma vida pura, você descobrirá depois de algum tempo seu velho amor pelos outros retornar a você de uma forma purificada e sublimada, no qual apenas o apego foi eliminado e substituído por intenso amor por Deus. Então você ama aos outros por causa do Divino e não por qualquer propósito egoísta. Só isto é o verdadeiro amor. Devemos nos afastar de dois perigos: um é amar aos outros com amor humano e falsamente chamá-lo de ‘divino’ e o outro é ser demasiadamente indiferente até mesmo pelos sentimentos corretos e ser negligente com nossos deveres. Ambos são prejudiciais ao crescimento espiritual.
Devemos amar a Deus apenas e permitir que os outros fizessem o mesmo. Cristo diz, ‘Aquele que ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim, e aquele que ama seu filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim’ 3, e não há nada mais verdadeiro do que isso. E também é verdade que aquele que permitir que qualquer outra pessoa o ame mais do que ao Divino, não é digno do Divino, e jamais atingirá o Divino, por mais que possa tentar. Colhemos apenas o que semeamos e enquanto continuarmos a permitir que todos estes gostos e desgostos nos prendam e aos outros com as correntes do assim chamado amor, nos manteremos escravizados, trazendo sofrimento para nós mesmos e para outros. O sofrimento é a penalidade que pagamos por nossos apegos. Em alguns casos ele chega logo, em outros demora; mas todos devem pagar por seus erros.
Quando as pessoas nos amam, nos sentimos lisonjeados. Nós gostamos de atrair os outros, gostamos de ser amados por outros como objetos de gozo. Mas somos geralmente muito impulsivos e não pensamos que com isso criaremos apenas problemas para nós e para os outros e impediremos nosso progresso espiritual. Devemos ter dignidade e sermos cuidadosos. Devemos adotar uma atitude pela qual os outros não se atreverão a se aproximar de nós do modo errado. Eu falo isto especialmente para as senhoras. O conceito ocidental de cavalheirismo não tem lugar na vida espiritual.
Devotos e aspirantes espirituais são nossos queridos, pois somos todos ligados pela corda comum do divino Amor que é permanente. O amor pelos irmãos espirituais é muito mais intenso e benéfico que o amor mundano. Olhe para a relação que existiu entre os discípulos de Cristo, entre os discípulos de Sri Ramakrishna. Que amor terno, respeito mútuo e consideração existiram entre eles! Quando nós, ainda jovens, entramos em contato com os grandes discípulos de Sri Ramakrishna, também fomos profundamente atraídos pelo intenso, porém puro, e abnegado amor que derramaram sobre nós. Somente um homem espiritual pode ter amor real pelos outros. O assim chamado amor das pessoas mundanas é freqüentemente apenas auto-interesse refinado.
As almas iluminadas amam a todas as pessoas da mesma forma sem se apegarem a elas porque eles realizaram a verdade da famosa declaração do Upanishad:
Não é por causa do esposo que o esposo é amado,
Mas é por causa do Ser que o esposo é amado.
Mas é por causa do Ser que a esposa é amada.
Não é por causa dos filhos que os filhos são amados,
Mas é por causa do Ser que os filhos são amados...
Não é por causa de tudo que tudo é amado,
Mas é por causa do Ser que tudo é amado. 4
As vidas das almas iluminadas nos ensinam que a renúncia e o desapego não significam insensibilidade e indiferença. Insensibilidade não é desapego; não é nada além de egoísmo, apego ao seu próprio ego. Tente ajudar aos outros tanto quanto esteja em sua capacidade, tomando todas as precauções para se proteger e evitar não ficar apegado a eles. Se você não puder fazer isto, reze a Deus para o bem-estar deles. Se orar sincera e intensamente você verá a ajuda chegando a aqueles que você quer ajudar. Mas lembre-se, se você quiser rezar pelos outros, você deve sentir a si mesmo próximo a Deus. Se você não puder impedir a si mesmo de ficar apegado aos outros, é melhor não ajudá-los. É melhor se voltar para a oração. De fato todos os aspirantes sinceros devem incluir este tipo de oração pelos outros em suas práticas espirituais diárias.
Durante o período de transição da vida mundana para a vida espiritual, podemos sentir um pouco de indiferença pelos outros por algum tempo. Para proteger-nos podemos até cultivar uma atitude de indiferença, mas somente por um período curto. Se prender-se ao ideal da realização de Deus e levar uma vida pura, você descobrirá depois de algum tempo seu velho amor pelos outros retornar a você de uma forma purificada e sublimada, no qual apenas o apego foi eliminado e substituído por intenso amor por Deus. Então você ama aos outros por causa do Divino e não por qualquer propósito egoísta. Só isto é o verdadeiro amor. Devemos nos afastar de dois perigos: um é amar aos outros com amor humano e falsamente chamá-lo de ‘divino’ e o outro é ser demasiadamente indiferente até mesmo pelos sentimentos corretos e ser negligente com nossos deveres. Ambos são prejudiciais ao crescimento espiritual.
Os verdadeiros parentes
Quem são nossos verdadeiros parentes? Bāndhavāh Śivabhaktāśca (‘os devotos de Śiva são meus parentes’) diz Śamkara em um de seus hinos.5 Muito freqüentemente aqueles a quem consideramos muito próximos e queridos são completos estranhos para nós. Eles vivem em um plano de pensamentos e nós em outro. Aqueles que são sinceros aspirantes espirituais e estão ansiosos para fazer rápido progresso espiritual deveriam aprender a viver como estranhos em suas próprias casas. Se seus amigos e parentes são bons e espirituais, você pode associar-se com eles. Mas se eles são mundanos e inclusive tentam arrastá-lo até eles, o único caminho aberto para você é afastar-se deles. Se você deseja seguir adiante e outros querem deitar-se, que mais você pode fazer?
Aqueles que vivem com parentes que são mundanos deveriam viver como hóspedes em uma casa de hóspedes. Eles devem abandonar a idéia de propriedade e ter a idéia de um administrador temporário. Você não deve jamais ter nenhuma exigência emocional sobre eles. Eles não são sua propriedade. Se você possuir algo, você dele possuí-lo como um administrador temporário, não como um proprietário, e administrá-lo em nome do Senhor.
Aprenda a desenvolver a verdadeira perspectiva com relação a sua família. Liberte a mente de todas as velhas associações conectadas com formas puramente humanas de amor e aversão, conectadas com apego e sexo; somente então a verdadeira prática espiritual se tornará possível. Tudo antes disto é apenas uma tentativa de prática espiritual e nada mais. Quando menino eu era muito sentimental. Eu costumava me apegar terrivelmente às pessoas após um dia ou dois de contato. Eu também me extasiava por todo amor e afeição por mim de meus pais, parentes e amigos, e costumava pensar muito neles. Ao final eu não pude suportar todos estes sentimentos mais e firmemente disse a mim mesmo: ‘Isto tem que mudar’. Então me voltei para o Impessoal mais e mais. Somente o pensamento do Supremo Espírito que mora em todos os seres pode libertar-nos de nosso apego às pessoas. Você deve pensar este pensamento tão intensamente até que ele se torne uma realidade para você, algo que é vívido e permanente. Isto sustentará você mesmo quando todos os seus pensamentos sobre as outras pessoas estourem como bolhas mais cedo ou mais tarde.
Aqueles que vivem com parentes que são mundanos deveriam viver como hóspedes em uma casa de hóspedes. Eles devem abandonar a idéia de propriedade e ter a idéia de um administrador temporário. Você não deve jamais ter nenhuma exigência emocional sobre eles. Eles não são sua propriedade. Se você possuir algo, você dele possuí-lo como um administrador temporário, não como um proprietário, e administrá-lo em nome do Senhor.
Aprenda a desenvolver a verdadeira perspectiva com relação a sua família. Liberte a mente de todas as velhas associações conectadas com formas puramente humanas de amor e aversão, conectadas com apego e sexo; somente então a verdadeira prática espiritual se tornará possível. Tudo antes disto é apenas uma tentativa de prática espiritual e nada mais. Quando menino eu era muito sentimental. Eu costumava me apegar terrivelmente às pessoas após um dia ou dois de contato. Eu também me extasiava por todo amor e afeição por mim de meus pais, parentes e amigos, e costumava pensar muito neles. Ao final eu não pude suportar todos estes sentimentos mais e firmemente disse a mim mesmo: ‘Isto tem que mudar’. Então me voltei para o Impessoal mais e mais. Somente o pensamento do Supremo Espírito que mora em todos os seres pode libertar-nos de nosso apego às pessoas. Você deve pensar este pensamento tão intensamente até que ele se torne uma realidade para você, algo que é vívido e permanente. Isto sustentará você mesmo quando todos os seus pensamentos sobre as outras pessoas estourem como bolhas mais cedo ou mais tarde.
A raiva é tão prejudicial quanto o apego
A raiva é tão prejudicial quanto o apego, de fato é a mesma coisa. O apego e a raiva são apenas as duas faces da mesma moeda, como eu disse antes. Nunca se engane pensando que um é melhor que o outro. Ambos são correntes e degradam ao ser humano, impedindo-o de se elevar à sua verdadeira estatura. Ambos devem ser renunciados.
Vamos discutir a questão da raiva. Por que ficamos com raiva? Somente por que alguém ou algo está no caminho do que achamos ser o objeto de nosso gozo. Esta é a única razão para toda a nossa raiva. Sempre descobrimos que a raiva está intimamente conectada com um ego muito valorizado ou um forte senso de personalidade. Sem este forte senso do ego e um excessivo desejo pelo gozo, físico e mental, a raiva jamais poderia nem mesmo surgir em nossos corações. Portanto este ego, este desejo pelo gozo, é a única causa de termos raiva. Se não desejarmos nenhum gozo, se não esperarmos nada de ninguém, mas apenas dar e agir sem nunca esperar qualquer recompensa, jamais poderá surgir qualquer raiva. Portanto devemos ficar com raiva de nossa raiva, e não com outros. Devemos ter uma raiva terrível de nossos desejos pelo gozo dos sentidos e não com os objetos propriamente ditos. O único modo prático é sublimar a raiva e finalmente eliminá-la. E sem eliminar a raiva e outros males associados, jamais poderemos fazer qualquer progresso na vida espiritual. A luxúria e a raiva são os maiores inimigos no caminho espiritual. Portanto eles deveriam ser cuidadosamente evitados por todos os aspirantes.
Assim, onde quer que haja raiva existe algum apego, algum desejo excessivo ou afeição. Verdadeiramente falando, sem apego a alguma pessoa ou coisa jamais poderá surgir qualquer forma de raiva. É apenas nossa perversa vontade de gozar que traz a raiva. Mas isto deveria ser compreendido mais num sentido sutil do que de num sentido grosseiro. Não precisa necessariamente ser qualquer desejo por formas grosseiras de gozo que se encontra na raiz da raiva.
Algumas pessoas se tornam agressivas quando praticam renúncia. Isto ocorre porque quando a força do apego é reduzida, a força da raiva se torna mais forte. Muitos aspirantes espirituais se tornam facilmente irritáveis nos primeiros estágios de sādhanā. Esta é uma reação às tentativas frágeis de renúncia que fazem. A renúncia externa nem sempre é seguida pelo desapego interno. O apego interno entra em conflito com a renúncia externa e conduz às tensões. A verdadeira renúncia deve ser a renúncia do apego e da raiva.
Somente quando começamos a praticar a verdadeira renúncia é que realizamos que tipo de vida miserável nós estivemos vivendo até então. Também realizamos que é a força do passado agora o maior obstáculo. Isto leva ao remorso e ao arrependimento. Deve existir certa quantidade de saudável autocrítica, mas ela nunca deveria se tornar destrutiva ou terminar em emocionalismo negativo. Não diga, ‘Ó, que pecador, que criatura desprezível eu sou!’, mas aprenda a dizer, ‘Se eu cometi erros no passado, já acabou. Que eu saiba que fiz algo errado, mas que não fique pensando sobre isto. Que eu vire uma nova página e faça melhor no futuro, que eu seja mais atento no futuro e aprenda a ser um ser humano ao invés de um animal’. Este é o modo correto. Quer sejamos jovens ou velhos, devemos todos renascer no mundo do Espírito e começar nossa marcha em direção à Verdade.
Vamos discutir a questão da raiva. Por que ficamos com raiva? Somente por que alguém ou algo está no caminho do que achamos ser o objeto de nosso gozo. Esta é a única razão para toda a nossa raiva. Sempre descobrimos que a raiva está intimamente conectada com um ego muito valorizado ou um forte senso de personalidade. Sem este forte senso do ego e um excessivo desejo pelo gozo, físico e mental, a raiva jamais poderia nem mesmo surgir em nossos corações. Portanto este ego, este desejo pelo gozo, é a única causa de termos raiva. Se não desejarmos nenhum gozo, se não esperarmos nada de ninguém, mas apenas dar e agir sem nunca esperar qualquer recompensa, jamais poderá surgir qualquer raiva. Portanto devemos ficar com raiva de nossa raiva, e não com outros. Devemos ter uma raiva terrível de nossos desejos pelo gozo dos sentidos e não com os objetos propriamente ditos. O único modo prático é sublimar a raiva e finalmente eliminá-la. E sem eliminar a raiva e outros males associados, jamais poderemos fazer qualquer progresso na vida espiritual. A luxúria e a raiva são os maiores inimigos no caminho espiritual. Portanto eles deveriam ser cuidadosamente evitados por todos os aspirantes.
Assim, onde quer que haja raiva existe algum apego, algum desejo excessivo ou afeição. Verdadeiramente falando, sem apego a alguma pessoa ou coisa jamais poderá surgir qualquer forma de raiva. É apenas nossa perversa vontade de gozar que traz a raiva. Mas isto deveria ser compreendido mais num sentido sutil do que de num sentido grosseiro. Não precisa necessariamente ser qualquer desejo por formas grosseiras de gozo que se encontra na raiz da raiva.
Algumas pessoas se tornam agressivas quando praticam renúncia. Isto ocorre porque quando a força do apego é reduzida, a força da raiva se torna mais forte. Muitos aspirantes espirituais se tornam facilmente irritáveis nos primeiros estágios de sādhanā. Esta é uma reação às tentativas frágeis de renúncia que fazem. A renúncia externa nem sempre é seguida pelo desapego interno. O apego interno entra em conflito com a renúncia externa e conduz às tensões. A verdadeira renúncia deve ser a renúncia do apego e da raiva.
Somente quando começamos a praticar a verdadeira renúncia é que realizamos que tipo de vida miserável nós estivemos vivendo até então. Também realizamos que é a força do passado agora o maior obstáculo. Isto leva ao remorso e ao arrependimento. Deve existir certa quantidade de saudável autocrítica, mas ela nunca deveria se tornar destrutiva ou terminar em emocionalismo negativo. Não diga, ‘Ó, que pecador, que criatura desprezível eu sou!’, mas aprenda a dizer, ‘Se eu cometi erros no passado, já acabou. Que eu saiba que fiz algo errado, mas que não fique pensando sobre isto. Que eu vire uma nova página e faça melhor no futuro, que eu seja mais atento no futuro e aprenda a ser um ser humano ao invés de um animal’. Este é o modo correto. Quer sejamos jovens ou velhos, devemos todos renascer no mundo do Espírito e começar nossa marcha em direção à Verdade.
1 Swami Yatiswarananda (1889-1966), foi um discípulo de Swami Brahmananda e Vice-Presidente da Ordem Ramakrishna.
2 Gospel of Sri Ramakrishna, transl. by Swami Nikhilananda (Madras: Sri Ramakrishna Math, 1974), p. 118.
3 Bíblia, São Mateus, 10:37.
4 Brhadaranyaka Upanisad, 2.4.5; 4.5.6
5 Annapurnastotram, verso 12.
2 Gospel of Sri Ramakrishna, transl. by Swami Nikhilananda (Madras: Sri Ramakrishna Math, 1974), p. 118.
3 Bíblia, São Mateus, 10:37.
4 Brhadaranyaka Upanisad, 2.4.5; 4.5.6
5 Annapurnastotram, verso 12.